Volume 16
Ernst Widmer - RUMOS, Op. 72

Breve Resenha

RUMOS é uma obra composta nos anos de 1971 e 1972, concebida como complemento da tese com a qual Widmer se qualificou como "Professor Titular" da UFBA: "Ensaio a uma Didática da Música Contemporânea" (1972), publicada como vol. 1 da série "Marcos Teóricos da Composição Contemporânea na UFBA" (comentários críticos de Alda Oliveira).

Diretamente derivada das propostas didáticas de tese, Rumos foi concebida em duas partes: I - Rumos no mundo sonoro e II - Rumo sol - espiral. A primeira parte tem caráter didático, e objetiva preparar o ouvinte para a audição da segunda parte, que é a obra artística propriamente dita, podendo, eventualmente, ser executada sem a primeira parte.

Com esse experimento artístico-pedagógico, o compositor pretende propiciar uma apreciação musical contextualizada nos pressupostos estéticos, sonoros e estruturais da linguagem musical de sua época.

Completamente inserida no contexto da música concerto ocidental da época, Rumos defende e exibe valores tais como: a pesquisa de timbres, as sonoridades complexas (mistas de sons musicais tradicionais, sons eletrônicos, sons concretos e ambientais), a textura baseada na superposição de faixas ou blocos sonoros, a forma aberta, e o desvio da concentração no produto artístico para o processo construtivo, dando as costas, portanto, à tradição da evolução lógica, linear. Propõe-se como uma demonstração dos valores elementares da linguagem musical da época (Rumos no mundo sonoro) e de suas possibilidades expressivas (Rumo Sol - Espiral).

Rumos no mundo sonoro se configura como uma aula, articulada por um texto narrado conduzindo exemplos sonoros realizados pela orquestra, coro e fita gravada.

Rumo Sol - Espiral se baseia num texto poético concebido pelo compositor: "O mar, verde azul, arrepiado, encontro e desencontro constantes, fulgura no sol". Esse texto sugere as sonoridades, as estruturas de pequena escala e as referências musicais encontradas da peça, funcionando, portanto como seu programa.

Os comentários analíticos de Ilza Nogueira focalizam os elementos da concepção musical que lhe parecem significativos para a construção da idéia temática da obra: timbres, estruturas de pequena escala e referências musicais.